
DEU NA FOLHA: Arena Pantanal recebe jogo com clima de quermesse
Vendedores de rifa, rojões na arquibancada e ingressos sem lugar marcado deram à rodada dupla um ar bem diferente
Vendedores de rifa, rojões na arquibancada e ingressos sem lugar marcado deram à rodada dupla um ar bem diferente do vivido no estádio durante a Copa do Mundo.
A arena foi reaberta com mais da metade dos assentos fechados ao público, infiltrações e alagamentos, além dos modernos placares desligados. O sistema de som também não funcionou.
Para conturbar ainda mais a vida do torcedor, os portões de acesso do setor leste foram praticamente destruídos pela ventania, que chegou junto com uma forte chuva.
“A realidade aqui é outra. Nosso futebol está bem longe dos padrões da Fifa. Mas somos apaixonados e estamos tentando crescer”, afirmou o presidente do Mixto, Paulo César Gatão, que assumiu o poder em dezembro.
Ele substituiu Éder Moraes, que renunciou ao cargo após um escândalo de corrupção no governo do Estado.
Clube mais popular do Estado, o Mixto aproveitou o jogo na arena para arrecadar dinheiro vendendo uma rifa. No intervalo do clássico com o Operário, uma moto seria sorteada. Cada número foi vendido por R$ 20.
Com uma estrutura precária, o Mixto teve de realizar há uma semana um jogo-treino para arrecadar dinheiro e comida para os atletas.
Já os torcedores do Dom Bosco comemoravam o retorno do time ao torneio depois de sete anos na segunda divisão soltando rojões no estádio –o que é proibido no país.
“Estou aqui para dar uma força ao meu time. Mas o povo tem que ajudar mais. Se continuar assim, o estádio vai fechar de vez”, disse o aposentado Augusto Marivaldo, 59, torcedor do Dom Bosco, que sofreu no primeiro tempo com o calor de quase 40°C.
Bicampeão no Estado, o Cuiabá venceu o Dom Bosco por 1 a 0 no jogo de abertura.
“Adoro futebol e assisto tudo. Estou aqui porque sei que é um dia histórico para o futebol do Estado. Acho difícil esses times voltarem a jogar aqui neste ano”, afirmou o acreano Olavo Júnior, torcedor do São Paulo.
Júnior chegou à capital do Mato Grosso em junho para assistir a um dos jogos da Copa e não voltou mais para Rio Branco, sua cidade natal.
“Depois da festa da Copa, arrumei um emprego aqui e não saí mais de Cuiabá. Minha vida também mudou com o Mundial”, afirmou.
Os cartolas dos clubes locais também não acreditam que vão jogar no estádio até a fim da competição. Eles alegam que o custo de operação do estádio (cerca de R$ 100 mil por jogo) é muito alto.
A arena foi aberta para a Copa inacabada. O governo local negocia com a construtora o término da obra e estuda um modelo de parceria com a iniciativa privada para viabilizar a administração.
“O papel do governo não é cuidar de estádio, mas queremos encontrar um futuro digno para esse espaço. O que posso garantir é que ele não vai virar um elefante branco”, prometeu o secretário de projetos estratégicos do Mato Grosso, Gustavo de Oliveira.
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